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Industry News

Vox Capital and Kviv Ventures Invest R$6m in VirtusPay (em português)

6 October 2019

Vox Capital and Kviv Ventures invested R$6m in VirtusPay, a Brazilian consumer lending platform for making e-commerce purchases with installment payments.

(Globo) A fintech VirtusPay, que oferece parcelamento de compras on-line para quem não tem limite de crédito no cartão, vai receber sua primeira rodada de investimentos dos fundos de capital de risco Vox Capital e Kviv Ventures, da família Klein. Juntos, os dois fundos vão aportar R$ 6 milhões em troca de uma fatia acionária não divulgada da startup, que começou a operar em janeiro de 2018.

“O dinheiro será investido no fortalecimento do time, nos controles de risco, sistema anti-fraude, operações, tecnologia e vendas. Vamos investir na aquisição de clientes. Quando começar a retomada, queremos estar com o pé no acelerador”, diz Gustavo Câmara, cofundador e CEO da VirtusPay.

A ideia é gerar R$ 30 milhões de crédito até o fim de 2020 — nos primeiros seis deste ano foram R$ 550 mil. A principal aposta para crescer no curto prazo é um produto batizado de boleto pop, plataforma que permite transformar boletos de pagamento à vista em crédito parcelado. Funciona assim: o consumidor de sites parceiros da fintech que estiver sem cartão de crédito ou limite disponível escolhe o pagamento via boleto e depois apresenta o boleto à plataforma da Virtus, que quita o documento à vista e emite novos boletos parcelados. A mercadoria comprada é entregue após o pagamento da primeira parcela.

“Há mais de 100 milhões de pessoas com oferta inadequada de crédito no Brasil, enquanto existe um estoque de R$ 350 bilhões mensais de limite de crédito parado. Nós conseguimos otimizar isso tudo, gerando receita extra para o banco emissor, para o adquirente e para as bandeiras de cartão”, diz Câmara, que conta terem apresentado o projeto da fintech aos principais bancos e também à associação de cartões, a Abecs.

O chamado “point of sale financing” ou financiamento no ponto de venda digital, em que a VirtusPay atua, está aquecido no mundo todo, em especial nos EUA. Empresas como Klarna, PayPal Credit e Affirm, do cofundador da PayPal, Max Levchin, têm crescido fortemente com oferta de POS financing.

“Olhamos soluções que usam tecnologia para entregar serviços básicos: educação, saúde e serviços financeiros”, diz Daniel Izzo, fundador e CEO da Vox Capital, especializada em investimentos de impacto social. “A Virtus permite que as pessoas tenham acesso a crédito e acumulem ativos. Isso é inovador e é disso que gostamos na empresa”, acrescenta.

Do lado da captação, observa, a empresa está dando milhas para quem já é rico. Ele conta que o fundo impôs como condição para futuros aportes que a fintech encontre outras formas de funding.

A forma de captação da VirtusPay é bastante engenhosa. A empresa atrai pessoas com limite de crédito ocioso no cartão e interesse em acumular milhas. A empresa faz uma transação para ocupar esse limite como se fosse uma compra, o dono do cartão fica com as milhas e, na fatura, aparece o nome da Virtus como o estabelecimento comercial.

A adquirente parceira da fintech é a Cielo. De posse do recebível do cartão, a Virtus antecipa os recursos em bancos. Como o risco é Cielo, a taxa de antecipação é baixa. Hoje a plataforma está fechada para novos “doadores” de limite. “Temos 6,5 mil pessoas na fila, o que nos dará funding suficiente até o fim do ano que vem”, diz Lucas Vieira, sócio da Virtus responsável pela área de risco.

O prazo médio de financiamento para os tomadores está em 11 meses, a taxa de juro média cobrada é de 5,9% e o tíquete médio das operações, R$ 1.000.

Se o vendedor do limite de crédito é de alta renda, gosta de viajar e conhece bem o regulamento dos programas de milhagem das companhias áreas, o perfil dos tomadores de crédito é mais variado: pessoas do Brasil todo, com 20 a 60 anos de idade, donas de casa, microempreendedores, jovens, assalariados que ganham de dois a três salários mínimos e profissionais autônomos. “Achávamos que a maior fatia de clientes seria de pessoas desbancarizadas. A maioria tem conta em banco, mas não tem acesso a crédito, ou tem trauma de usar o cartão”, diz Câmara.

A ideia de criar o boleto pop nasceu da dificuldade de acelerar o crescimento da empresa via acordos para ser integrada ao “checkout” dos sites de comércio eletrônico. O varejo resiste em mexer no checkout com receio de criar pontos de fricção para o usuário e perder vendas. O boleto pop contorna essa dificuldade.

Mas a Virtus ainda aposta no outro modelo e há um mês foi integrada ao checkout da Claro, para financiar a venda de celulares. “Também estamos entrando em marketplaces de crédito, onde não existem outras opções de crediário online”, diz Lucas Vieira.

Assim como a Vox, a Kviv, tocada por Raphael Klein, é uma gestora de fundos de impacto. Ambas coinvestem na fintech de microcrédito Avante, de Bernardo Bonjean. Câmara conta que a Vox se aproximou primeiro da Virtus, depois de assistir a uma apresentação no boostLAB, programa de aceleração do BTG Pactual do qual a startup participou em 2018. Izzo diz que resolveu apresentar o negócio à Kviv pois o modelo de negócios guarda semelhanças com o da Casas Bahia e seu crediário.