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Industry News

Bessemer Ventures Leads R$18m Investment in Enjoei (em português)

19 December 2014

(Valor Economico) Bessemer Ventures has lead an R$18m investment round in Brazil’s e-commerce site, Enjoei.

Ser sustentável está na moda e dá lucro. Prova disso é o site Enjoei, liderado pelo casal de empresários cariocas Ana Lu McLaren e Tiê Lima: como o nome já diz, lá é possível vender aquela peça que já perdeu a serventia para você, mas ainda pode ser útil para outra pessoa. Roupas, sapatos, acessórios e itens de decoração, entre outros, podem ser comprados em cada um dos 3,5 milhões de acessos que a página recebe todo mês – o negócio, iniciado em 2009 como um blog, deu tão certo que acaba de receber um aporte liderado pelo fundo de investimentos Bessemer Venture Partners (BVP) no valor de R$ 18 milhões.

O BVP é conhecido por apostar em startups de internet – os ativos totais do fundo, que tem mais de cem anos de atuação, ultrapassam US$ 1,6 bilhão, e sites como Linkedin, Skype, OLX e Pinterest fazem parte do seu portfólio. “Nosso plano é utilizar o capital para triplicar o faturamento até o próximo ano”, afirma Tiê Lima, CEO do Enjoei.

Segundo ele, os investimentos se concentrarão, principalmente, no aumento do alcance da marca, o que inclui o desenvolvimento de aplicativos para celular, bases de dados de clientes, além de tecnologia.

O faturamento do site segue dobrando a cada ano – em 2013 foram R$ 15 milhões, e a previsão é encerrar 2014 com o resultado de R$ 30 milhões. Para o próximo ano, a intenção é que esse valor seja triplicado com a ajuda do BVP. A opção, por enquanto, é reinvestir os lucros em melhorias para a empresa. “Buscamos o ponto de equilíbrio para daqui três ou quatro anos”, afirma Lima.

O Enjoei começou de forma despretensiosa. “Sempre vendi tudo, desde pequena. Ia para o trabalho e vendia minhas roupas para as colegas no banheiro da empresa”, conta Ana Lu. Quando ela e Tiê decidiram morar juntos, em 2009, o armário ficou pequeno para todas as roupas, e a solução foi vender o que estava sobrando. Aproveitando a afinidade com vendas e a experiência com comércio eletrônico – eles já haviam trabalhado em sites como Americanas.com, Shoptime e Submarino -, a dupla criou o blog Enjoei em um fim de semana. “Tiramos fotos dos produtos no sábado e colocamos o site no ar no domingo”, lembra Ana Lu.

A página era aberta para quem quisesse cadastrar os produtos para a venda, e o casal operacionalizava o comércio nas horas vagas. “O trabalho era manual e lento, mas víamos que as pessoas apostavam naquele site. Tínhamos três mil acessos nos dias de postagem e mil acessos nos demais”, diz. Aos poucos, o número de visitantes e a quantidade de produtos comercializados aumentaram, exigindo cada vez mais das “horas extras” que o casal dedicava à página.

O processo para vender no Enjoei é o mesmo até hoje: o usuário faz um cadastro e cria sua “lojinha”, onde disponibiliza as peças das quais quer se desfazer. É necessário estabelecer um preço para o produto e escrever uma descrição do mesmo nos padrões do site, que usa uma linguagem leve e descontraída. O Enjoei cobra uma taxa de 20% do valor de tudo que é vendido – além disso, o vendedor só recebe seu pagamento depois da confirmação de que a compra foi entregue com sucesso. Atualmente, a página soma 160 mil lojinhas diferentes.

Em março de 2012, por causa da crescente demanda, Ana Lu e Tiê resolveram apostar mais alto no projeto. Ele saiu do emprego para se dedicar exclusivamente ao Enjoei, que passou de blog a site com a ajuda do investidor-anjo Arnaldo Goldemberg, que colocou R$ 300 mil na empresa. “Vi um projeto promissor e, principalmente, acreditei na capacidade de execução da equipe”, explica Goldemberg, que mantém uma carteira de investimentos próprios desde 2011, que inclui sites de várias áreas que incluem música, processos multicanal e Big Data.

O capital do investidor foi suficiente para fazer o Enjoei funcionar por um ano. Nesse período, a residência do casal ficou pequena para comportar a quantidade de produtos e a equipe, que se tornavam cada vez maiores, e a empresa passou a funcionar em uma casa no Brooklyn, em São Paulo, onde esteve até o mês passado, quando foi transferida para a região do Ibirapuera.

Já em 2012, o faturamento do Enjoei superou R$ 5 milhões, e a equipe, que se resumia ao casal e uma funcionária, se tornou cada vez maior e mais estruturada. Hoje são 40 colaboradores.

Motivado pelos bons resultados, o segundo grande investimento do site Enjoei veio no início de 2013, quando o fundo Monashees – um dos líderes de investimentos de startups de internet no Brasil, que já apostou em empresas como Peixe Urbano, de compras coletivas, e Oppa, de móveis – investiu R$ 7 milhões na empresa. De acordo com Marcelo Lima, sócio da Monashees Capital, o conceito inovador do site foi o que atraiu a atenção do fundo. “O Enjoei explora um conceito que combina o modelo de marketplace on-line com fortes tendências de consumo, como re-commerce, economia colaborativa e curadoria.”

Além disso, a proposta de consumo sustentável também chama a atenção de quem investe. “É uma experiência que contribui para uma mudança no hábito de consumo e para a criação de um mercado rentável”, reforça Lima, da Monashees.

O Enjoei busca consolidar nos clientes essa visão de que vender peças usadas pode ser “cool”. Tem funcionado: metade dos produtos adquiridos no site estão disponíveis na loja há menos de 30 dias. “Percebemos que o site inspira as pessoas a querer vender”, comenta Ana Lu. É o caso de Adriana Cipolli, de Guaratinguetá (SP), que antes de conhecer a página, em maio, nunca havia vendido nada na internet. “Acabei gostando tanto da experiência e de interagir com outros clientes que já vendi 138 produtos.”